O teatro no Brasil

Durante muito tempo a literatura do Brasil modelou-se pela cultura européia, sobretudo, pela de Portugal. Colônia que era, só lhe restava a utilização dos protótipos de além-mar. O Barroco e o Arcadismo brasileiros atestam bem a afirmação que se faz.
Por força disso, não floresceu aqui, durante a época aludida, nenhuma literatura desvinculada daquilo que era culturalmente consumido lá. E Portugal — exceção feita à obra-prima do romântico Garrett, Frei Luís de Sousa — não apresentou literatura cênica de valor após Gil Vicente.
No Brasil quinhentista, os jesuítas usaram o teatro como meio de propagação do catolicismo entre os indígenas. Era, contudo, um teatro sem intenções literárias: sua preocupação era transmitir uma mensagem de forma atraente para o silvícola; uma mensagem que fosse além da ineficácia árida dos sermões elaborados para mentes mais preparadas.
Aqui esteve José de Anchieta, mente fértil para as artes da escrita, designado por Manuel da Nóbrega para as tarefas de adaptar a mensagem católica à estrutura do que se encenava profanamente em Portugal.

 

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Diz Sábato Magaldi, estudioso do teatro no Brasil, que “a missão catequética dos autos se cumpria assim facilmente..”
Do exposto é possível concluir que não houve um teatro marcante praticado no Brasil até o período romântico, à exceção de duas peças de Manuel Botelho de Oliveira (1637-1711), considerado o primeiro comediógrafo brasileiro.
Estas informações, dadas por Sábato Magaldi, incluem a de que Botelho não se inclui na dramaturgia brasileira. É possível, mesmo, que as tais peças, escritas em espanhol, nem tenham sido representadas.
O início do Romantismo brasileiro se marcaria pela publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836.
Se, na Europa, o Romantismo é uma atitude de oposição a valores éticos, estéticos e filosóficos precedente, no Brasil, o movimento é de adaptação às correntes européias. Não havia aqui, necessariamente, a que se opor resistência. É nessa esteira que  aponta a dramaturgia nacional, de que Martins Pena, o criador da comédia brasileira, foi um dos maiores representantes.

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