O que é coerência textual e como fazer

Uma das qualidades mais desejáveis num texto no vestibular é a coerência. Na produção de sua redação no Enem, Concurso ou Vestibular você precisa organizar bem suas ideias e é disso que trataremos neste artigo.

COERÊNCIA



Um pouco de teoria

No texto seguinte, uma redação escolar, há uma falha notável em sua narrativa. De que se trata essa falha?
Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das avenidas de São Paulo. Ele era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade, perdeu a direção. O carro capotou e ficou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que era um homem corpulento. Carregou-o até a calçada, parou um carro e levou o homem para o hospital. Assim, salvou-lhe a vida.

Coerência deve ser entendida como unidade de texto. Um texto coerente é um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nada desconexo. No texto coerente não há nenhuma parte que não se solidarize com as demais.
Podemos encontrar três níveis em que a coerência deve ser observada:

COERÊNCIA NARRATIVA

As quatro fases da narrativa (manipulação, competência, performance e sanção) se pressupõem, isto é, a posterior depende da anterior. Assim, por exemplo, um sujeito só pode fazer alguma coisa (performance) se souber ou puder fazê-la (competência).
Outros casos de incoerência narrativa não podem ocorrer. Por exemplo:
1 – quando uma personagem adquire um objeto de outro, é claro que este deixou de possuí-lo;
2 – as ações atribuídas a uma personagem devem ser compatíveis com suas características psicológicas.

COERÊNCIA FIGURATIVA

Consideremos duas definições:

Tema – palavras ou expressões que não correspondem a algo existente no mundo natural. Por exemplo: humanidade, idealizar, privação, feliz, necessidade etc.

Figura - palavras ou expressões  que correspondem a algo existente no mundo natural. Por exemplo: água, comer, beber, feno, límpidas etc.

Assim, a coerência figurativa consiste em atribuir a temas figuras compatíveis. Suponhamos que se deseje figurativizar o tema “despreocupação”. De que figuras se precisaria ? Naturalmente, “pessoas deitadas à beira de uma piscina”, “drinques gelados”, “passeios pelos shoppings” etc. Não seria estranha na figuratização desse tema a utilização de figuras como “pessoas indo apressadas para o trabalho”, “fábricas funcionando a pleno vapor” etc.?

COERÊNCIA ARGUMENTATIVA

Num esquema de argumentação, joga-se com certos pressupostos ou certos dados, e deles se fazem inferências ou se tiram conclusões que estejam verdadeiramente implicadas nos elementos lançados como base do raciocínio que se quer montar. Se os pressupostos ou dados de base não permitem tirar as conclusões que foram tiradas, comete-o se a incoerência de nível argumentativo.

Avaliação de Português para Ensino Médio

Esta é uma prova de Português para Ensino Médio e baseia-se num texto retirado de um veículo de comunicação. sendo o Gênero Textual Notícia, é importante para os alunos que desejam se preparar para os vestibulares. Uma das melhores formas de eliminar as dúvidas que temos sobre os assuntos qu constam nos editais é fazer provas relacionadas ao que precisamos revisar. Ficar apenas estudando os conteúdos teóricos e nunca verificar se está apreendendo é um erro. Nosso exercício deste artigo destaca-se ainda pelo fatro de apresentar o gabarito ao final e, assim, você poderá verificar se entendeu bem as questões propostas.
 
 
 
O MERCADO MANDA MESMO?
Simon Franco

01Quem se dedicar hoje a ler todos os livros, manuais e artigos sobre o que é ser um ''bom
02profissional'' certamente vai desistir de tentar qualquer emprego. Em primeiro lugar, as
03descrições que encontramos são sempre de ''super-homens'', que nunca têm estresse, não
04se cansam, são capazes de infinitas adaptações, nunca brigam com a família... Ou seja,
05não é descrição de gente.
06Em segundo lugar, o conjunto dessas fórmulas é francamente contraditório. O que uns di-
07zem que é bom outros acham que não. É como se cada autor, cada consultor, cada
08articulista pegasse uma idéia, transformasse em regra e quisesse aplicá-la a todos os seres
09humanos, de qualquer sexo e de qualquer cultura.
10Não é preciso muita sociologia para perceber que esse emaranhado todo, ao pretender indi-
11car o bom caminho para o profissional, desenha uma espécie de ''tipo ideal'' de trabalhador
12para as necessidades do mercado. E como o próprio mercado é todo cheio de ambigüidades
13e necessidades que são contrárias umas às outras, o que sobra para nós é uma grande
14perplexidade.
15Então que tal parar um pouco de pensar no mercado e pensar em você mesmo? Qual é o
16''algo a mais'' que você, com sua personalidade, suas aptidões, seu jeito de ser, qual é esse
17''algo'' que você pode desenvolver? É preciso saber que formação é a mais adequada para
18você, não a formação mais adequada para o mercado.
19As diferentes cartilhas, as diversas teorias, as fórmulas mágicas servem apenas para tentar
20conduzir todo mundo para o mesmo lugar. O desafio é sair desse lugar e se tornar alguém
21incomum, de acordo com seus desejos e interesses. Então, não será apenas uma questão
22de ''empregabilidade'', como dizem, mas de vida.
23Pode até não parecer, mas nós somos seres humanos, com dignidade. No mercado, há
24obviamente mercadorias, simplesmente com preço. E fazer o melhor por si mesmo, e não
25pelo mercado, é algo que não tem preço.
(In: FOLHA DE SÃO PAULO - Especial: Empregos, 22 de abril de 2001 - p.10 - texto adaptado)

 
01 A principal relação de idéias presente no texto é a oposição entre mercado e
A) sociedade.
B) emprego.
C) consultores.
D) teorias.
E) indivíduo.
 
02 A crítica do autor dirige-se às publicações que, para vender a imagem do ''bom profissional'', apresentam orientações
A) extraordinárias e incoerentes com o mercado.
B) inaceitáveis e muito cheias de regras.
C) extravagantes e indiferentes à cultura de cada um.
D) irrealizáveis e incompatíveis entre si.
E) enganadoras e pouco criativas.
 
03 Com a expressão ''super-homens'' (linha 03), o autor tem a intenção de
A) fazer alusão ao potencial extraordinário das pessoas que buscam o constante aperfeiçoamento profissional.
B) ressaltar a admiração que os modelos de profissional apresentados pelos manuais despertam no leitor.
C) evidenciar a distância entre o que se recomenda nos livros e o que, de fato, as pessoas conseguem ser.
D) incitar os futuros profissionais a se equipararem com os heróis modernos.
E) reforçar a necessidade de preparação para que os jovens possam acompanhar, com um mínimo de segurança, os ''vôos'' do mercado.
 
04 As expressões abaixo, extraídas do texto, referem-se todas ao conteúdo dos livros, manuais e artigos criticados pelo autor, EXCETO a da alternativa
A) ''as descrições que encontramos'' (linhas 02 e 03).
B) ''o conjunto dessas fórmulas'' (linha 06).
C) ''esse emaranhado todo'' (linha 10).
D) '' uma grande perplexidade'' (linhas 13 e 14).
E) ''as diversas teorias'' (linha 19).
 
05 Para o autor, o mais importante na busca do sucesso profissional é
A) fazer-se notar pela melhor formação, mesmo pagando caro por isso.
B) descobrir o que há de melhor em si mesmo e nisso investir.
C) esquecer o mercado para dedicar-se a algo mais interessante.
D) sacrificar tudo o que for preciso para conseguir um emprego digno.
E) seguir o que dizem as cartilhas, mas sem abrir mão da dignidade.
 
06 A alternativa que melhor corresponde ao sentido da palavra ''francamente'' na frase da linha 06 é
A) claramente.
B) honestamente.
C) diretamente.
D) cordialmente.
E) espontaneamente.
 
07 No texto, as palavras ''indicar'' (linhas 10 e 11) e ''conduzir'' (linha 20) significam, respectivamente,
A) citar e acompanhar.
B) demonstrar e seguir.
C) expor e transmitir.
D) mencionar e transferir.
E) sugerir e encaminhar.
 
08 A estrutura que, ao completar a frase abaixo, altera a recomendação apresentada na linha 15 é:
O autor sugeriu que
A) você parasse um pouco de pensar no mercado para pensar em você mesmo.
B) você, ao pensar um pouco no mercado, parasse para pensar em você mesmo.
C) você, em vez de pensar tanto no mercado, pare um pouco para pensar em você mesmo.
D) você pensasse mais em você mesmo, parando um pouco de pensar no mercado.
E) você, sem pensar tanto no mercado, parasse um pouco para pensar em você mesmo.
 
09 A informação da frase ficaria alterada, caso fosse suprimida do texto a expressão
A) ''que são'' (linha 13).
B) ''formação''(linha 18)
C) ''se'' (linha 20).
D) ''até'' (linha 23).
E) ''mesmo''(linha 24).
 
10 A palavra ''que'' retoma uma palavra anterior na alternativa
A) ''as descrições que encontramos são sempre de super-homens'' (linhas 02 e 03).
B) ''uns dizem que é bom'' (linhas 06 e 07).
C) ''outros acham que não'' (linha 07).
D) ''Então que tal parar um pouco'' (linha 15).
E) ''É preciso saber que formação é a mais adequada'' (linha 17).
 
Gabarito dos exercícios de interpretação de textos
01-E | 02-D | 03-C | 04-D | 05-B | 06-A | 07-E | 08-B | 09-C | 10-A

Avaliação de Português para Ensino Fundamental

Esta é uma atividade de revisão para quem está se preparando para fazer a prova do vestibular. Cada vez é mais necessário fazer exercícios de interpretação de textos. Ainda mais quando baseados em textos consagrados da nossa Literatura.



A FÁBULA DO LOBO TRAFICANTE

A sociedade dos cordeiros condenou aquele lobo a 20 anos de prisão. Era terrível o seu crime: tráfico de entorpecentes. Por sua causa, milhares de cordeirinhos destruíram suas vidas. O lobo era o inimigo público n.º 1.
Vinte anos depois, apesar desse  e de outros lobos-traficantes terem sido presos, a sociedade dos cordeiros estava mergulhada no vício. Era um problema de segurança nacional. Talvez por isso, um repórter resolveu entrevistar aquele lobo, à saída da penitenciária. Estaria ele arrependido? Teria consciência do que provocara? Sentia-se injustiçado?
Afinal, a sociedade dos cordeiros cumprira, rigorosamente, a Lei. Só que alguma coisa estava errada. Lobos-traficantes eram presos todos os dias, enquanto aumentava o consumo de tóxico. Qual a opinião de um lobo que pagou 20 anos por um dos piores crimes contra a humanidade?
- Você quer mesmo saber? – foi logo falando o lobo. – O problema não se restringe a mim, nem aos que me seguiram nessa profissão. Eu cometi parte do crime, reconheço, comercializando um produto proibido.
- E quem cometeu a outra parte? – indagou o repórter, ele próprio irritado com a desfaçatez do lobo.
- Ora, a sociedade dos cordeiros! – afirmou o lobo. – Acaso fui eu que provoquei a corrida ao tóxico? Como seria possível eu me tornar um traficante, se não houvesse procura do meu produto?
“ Isso faz sentido”, pensou o repórter. E arriscou uma outra pergunta: - Como a sociedade dos cordeiros poderia ter evitado tudo isso?
- Ora, pergunte a ela, respondeu o lobo. – Mas dificilmente a sociedade dos cordeiros concordará que tem parte dessa culpa. Para isso, seria necessário que cada cordeiro, em particular, meditasse sobre sua própria vida e o que considera melhor para o seu rebanho. Mas você sabe que meditar, refletir, ponderar e se auto-analisar é muito difícil, quando há tantos lobos à disposição para assumir todas as culpas.
Quando a entrevista com o lobo-traficante foi publicada, a sociedade dos cordeiros reagiu: os lobos são criminosos irrecuperáveis, cínicos, arrogantes e diversionistas.
Para eles, só mesmo a  Pena de Morte.
(Fernando Portela)

1) Relacione as palavras do texto a seus significados:
A – tráfico (    )  entranhada, repleta
B – entorpecentes (    ) mau hábito
C – mergulhada (    ) que sofreu ofensa, injustiça
D – vício (    ) comércio ilícito
E – injustiçado (    ) alucinógenos, estimulantes, depressivos

2) Dê o significado destes substantivos na fábula:
corrida
sentido
procura
pena

3) Dê o significado das expressões:
a) sociedade dos cordeiros
b) isso faz sentido
c) consumo do tóxico
d) inimigo público n.º 1

4) Complete as frases com palavras do texto. Seus sinônimos estão indicados entre parênteses:
a) Eram lobos ______________  . (comerciantes desonestos)
b) O problema não se _______________ unicamente a mim. (reduz)
c) Eu __________________ essa mercadoria. (negociei)
d) Todos estávamos irritados com _________________ do lobo. (o pouco caso)
e) Cada um, __________________ , deve analisar-se . (pessoalmente)
f) Todos ___________________ suas culpas. (tomaram sobre si)

5) No texto, aparecem quatro verbos com o significado semelhante. Indique-os.

6) Dos substantivos indicados ao final de cada frase, forme verbos. Complete as frases empregando os verbos no presente do indicativo:
a) Todos se ______________________ de suas responsabilidades. (consciência)
b) Eles _____________________________ os próprios companheiros. (destruição)
c) Tu ______________________________ teu próprio irmão? (condenação)
d) Vós _____________________________ em busca de “bolinhas”? (corrida)

7) Retire do texto cinco palavras empregadas no sentido conotativo:

Análise da obra Dom Casmurro

Publicado pela primeira vez em 1899, "Dom Casmurro" é uma das grandes obras de Machado de Assis e confirma o olhar certeiro e crítico que o autor estendia sobre toda a sociedade brasileira. Também a temática do ciúme, abordada com brilhantismo nesse livro, provoca polêmicas em torno do caráter de uma das principais personagens femininas da literatura brasileira: Capitu.

Dom-Casmurro-capa

Muitas leituras possíveis

Há uma discussão em torno da obra que alimenta os espíritos mais inflamados: Capitu traiu ou não seu marido Bento Santiago, o Bentinho?
O romance, entretanto, presta-se a muitas leituras, e é interessante ver como a recepção ao livro se modificou com o passar do tempo. Quando foi lançado, era visto como o relato inquestionável de uma situação de adultério, do ponto de vista do marido traído. Depois dos anos 1960, quando questões relativas aos direitos da mulher assumiram importância maior em todo o mundo, surgiram interpretações que indicavam outra possibilidade: a de que a narrativa pudesse ser expressão de um ciúme doentio, que cega o narrador e o faz conceber uma situação imaginária de traição.
Machado de Assis, autor sutil e de penetração aguda em questões sociais, arma o problema e testa seu leitor. É impressionante como isso vale ainda hoje, mais de um século depois do lançamento do livro. O romance é a história de um homem de posses que ama uma moça pobre e esperta e se casa com ela. Em sua velhice, ele escreve um romance de memórias para compreender melhor a vida.
Capitu, até a metade do livro, é quem dá as cartas na relação. É inteligente, tem iniciativa, procura articular maneiras de livrá-lo do seminário etc. Trata-se de uma garota humilde, mas avançada e independente, muito diferente da mulher vista como modelo pela sociedade patriarcal do século XIX. Nesse sentido, Capitu representa no livro duas categorias sociais marginalizadas no Brasil oitocentista: os pobres e as mulheres. A personagem acabará por "perturbar" a família abastada, ao casar-se com o homem rico.
Percebe-se, por isso, o peso do possível adultério em suas costas. Não se trata apenas de uma questão conjugal entre iguais, mas de uma condenação de classe. Bentinho utiliza o arbítrio da palavra para culpar sua esposa. Mas é ele quem narra os acontecimentos e, por isso, pode manipular os fatos da maneira que melhor lhe convém. Não se sabe até que ponto os fatos relatados correspondem ao que ocorreu, ou são uma interpretação feita pelo personagem, que, além de tudo, escreve que não tem boa memória.
Nesse sentido, a questão central do livro não é o adultério, e sim como Machado introduz na literatura brasileira o problema das classes e, ainda, de forma inovadora, a questão da mulher. Dom Casmurro coloca no centro de sua temática a menina que não se deixa comandar e, em virtude disso, perturba a ordem vigente naquele ambiente social estreito e conservador.

Paródia

Uma das formas mais clássicas que assume o humor e a ironia de Machado de Assis é a paródia. Uma paródia seria uma imitação cômica de um outro texto literário (pode ser também de uma música, filme, estilo, filosofia, etc.) já consagrado pela tradição. Em "Dom Casmurro", temos três grandes paródias:
1) "Ilíada" de Homero: no capítulo 125, "Uma comparação", Bentinho é obrigado a fazer um discurso em honra do suposto amante de sua mulher. Em Ilíada, o rei de Tróia, Príamo, teve que beijar a mão de Aquiles, assassino de seu filho Heitor.
2) "Otelo", Shakespeare: a vida de Bentinho é sempre narrada com o mesmo tom trágico de uma ópera. Sua maior aproximação é com a peça Otelo, devido ao tema do ciúme e traição presente nas duas obras.
3) O mito de Abraão e Isaac: no Velho Testamento, Deus pede que Abraão sacrifique seu filho Isaac em seu nome. Porém, na hora em que Abraão ia imolar seu próprio filho, o Anjo do Senhor aparece impedindo e um carneiro é oferecido em lugar de Isaac. Em "Dom Casmurro", a mãe de Bentinho promete seu filho a Deus (ele seria padre) antes mesmo de o conceber. Porém, Bentinho se apaixona por Capitu e eles lutam para ficarem juntos. O amor de Capitu consegue anular a promessa feita pela mãe dele e assim os dois podem se casar.

Narrador

O narrador é Bento Santiago, transformado já no velho Dom Casmurro. O foco narrativo é, portanto, em primeira pessoa e toda a narrativa é uma lembrança do personagem sobre sua vida, desde os tempos de criança, quando ainda era chamado de Bentinho. Porém, trata-se de um narrador problemático: primeiro porque o narrador é um homem emotivamente arrasado e instável; segundo porque ele narra fatos que não conhece bem, podendo ser tudo fruto de sua imaginação.

Tempo

O tempo da narrativa é psicológico, e não cronológico. Esse recurso é chamado impressionismo, porque o narrador se detém nas experiências que marcaram sua subjetividade. Seria usada pelo escritor francês Marcel Proust em sua obra Em Busca do Tempo Perdido. A falibilidade da memória surge como fator de complexidade, uma vez que uma lembrança só pode ser acessada de um momento presente.
Os acontecimentos, então, passam pelo filtro da subjetividade presente. É por isso que a descrição que o narrador faz de Capitu, como uma pessoa volúvel e sensual, deve ser posta em dúvida pelo leitor. O sentimento de ciúme exacerbado de Bento pode ter desvirtuado a figura da personagem.

Concursos Públicos, Vestibulares e Concursos

Hoje em dia fazer uma excelente faculdade, passar em um Concurso  e garantir uma vaga no mercado de trabalho são os objetivos mais importantes para jovens e adultos. Mas para conseguir um ótimo desempenho em provas, concursos e vestibulares é preciso se esforçar muito e não desistir.

vestibular-provas (2)

Para ajudar você que pretende alcançar um desses objetivos, nós separamos as dicas primordiais e alguns segredos de como obter um bom desempenho:

Na Hora de Estudar

* Primeiro de tudo estude bastante, pois esse é o ponto de partida para garantir boas notas. E não deixe para estudar na última hora.

* Faça um plano de estudos, e não deixe de lado as matérias que você tem facilidade ou as que não tem um peso tão grande na nota final, pois aí pode estar o diferencial para passar ou não. Organize seu tempo e respeite as horas de estudo e descanso.

* Faça provas de vestibulares e concursos anteriores.

* Preste bastante atenção às aulas e tire sempre suas dúvidas com os professores. Descubra suas dificuldades reforce essas matérias.

* Treine fazer redações, pois elas tem um grande peso nas notas e são um caráter eliminatório para muitos cursos concorridos, e além disso nunca deixe de estudar para Português e ler livros, pois você deve saber se expressar e interpretar muito bem para ter um ótimo desempenho.

Como relaxar durante os estudos?

* Muitos estudantes acham que devem só estudar e esquecem de descansar e de se exercitar. Porém, é muito importante ter um momento de descanso no dia, de praticar algum esporte ou mesmo fazer uma caminhada, pois tudo isso ajuda a você não se estressar – o que acaba acontecendo se você se sobrecarregar.

* Tocar algum instrumento, ter um hobby como cantar, pintar ou dançar, ou até mesmo sair com os amigos são boas ideias para ter um ano de estudos menos estressante, mas lembre-se tudo sem exageros.

Na hora da Prova – sem estresse!!

* Fique calmo e leve um lanchinho para a prova – nada gorduroso, prefira bolachas e  água ou suco, se optar por chocolate não exagere pois pode te desconcentrar.

* Se a prova tiver redação, comece lendo o tema e já faça uma tomada de notas sobre possíveis aspectos que você pode abordar na redação, e depois vá para as questões, pois muitas provas trazem informações sobre o tema durante as questões.

* Se preferir, depois de ler a proposta de redação, comece pela matéria que julga ser mais fácil e vá alternando entre os tipos de habilidades, por exemplo: faça inglês, vá para biologia, depois física, depois português, e assim por diante.

* Controle o tempo, se não souber uma questão pule e vá para outra, assim você não perde tempo com uma questão e tem chance de acertar outras que são mais fáceis.]

* Quando terminar as fáceis, passe para o gabarito e depois vá para as de dificuldade média e assim por diante.

Por fim, nunca desista, estude se esforce e tenha um ótimo ano de estudos e preparação!!

Como fazer concordância nominal

Neste artigo você aprenderá um pouco mais como se faz concordância nominal e, assim, estará melhor preparado para fazer seus textos de forma correta. hoje em dia é comum as pessoas errarem coisas bastante simples no que se refere à concordância e você sairá na frente fazendo isso certo.

como - fazer - resumos - de -textos

1. Substantivo + Substantivo... + Adjetivo

     Quando o adjetivo posposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o último ou vai facultativamente:

  • para o plural, no masculino, se pelo menos um deles for masculino;
  • para o plural, no feminino, se todos eles estiverem no feminino.
Exemplos:
Ternura e amor humano.
Amor e ternura humana.
Ternura e amor humanos.
Carne ou peixe cru.
Peixe ou carne crua.
Carne ou peixe crus.

2. Adjetivo + Substantivo + Substantivo + ...

     Quando o adjetivo anteposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o mais próximo.
Exemplos:
Mau lugar e hora.
Má hora e lugar.

3. Substantivo + Adjetivo + Adjetivo + ...

     Quando dois ou mais adjetivos se referem a um substantivo, este vai para o singular ou plural.
Exemplos:
Estudo as línguas inglesa e portuguesa.
Estudo a língua inglesa e (a) portuguesa.
Os poderes temporal e espiritual.
O poder temporal e (o) espiritual.

4. Ordinal + Ordinal + ... + Substantivo

     Quando dois ou mais ordinais vêm antes de um substantivo, determinando-o, este concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
Exemplos:
A primeira e segunda lição.
A primeira e segunda lições.

5. Substantivo + Ordinal + Ordinal + ...

     Quando dois ou mais ordinais vêm depois de um substantivo, determinando-o, este vai para o plural.
Exemplo:
As cláusulas terceira, quarta e quinta.

6. Um e outro / Nem um nem outro + Substantivo

     Quando as expressões "um e outro", "nem um nem outro" são seguidas de um substantivo, este permanece no singular.
Exemplos:
Um e outro aspecto.
Nem um nem outro argumento.
De um e outro lado.

7. Um e outro + Substantivo + Adjetivo

     Quando um substantivo e um adjetivo vêm depois da expressão "um e outro", o substantivo vai para o singular e o adjetivo para o plural.
Exemplos:
Um e outro aspecto obscuros.
Uma e outra causa juntas.

8. "O (a) mais ... possível" - "Os (as) mais ... possíveis" - "O (a) pior ... possível" - "Os (as) piores ..." - "O (a) melhor ... possível" - "Os (as) melhores ... possíveis"

     O adjetivo "possível", nas expressões "o mais ...", "o pior ...", "o melhor ..." permanece no singular.
     Com as expressões "os mais ...", "os piores ...", "os melhores ...", vai para o plural.
Exemplos:
Os dois autores defendem a melhor doutrina possível.
Estas frutas são as mais saborosas possíveis.
Eles foram os mais insolentes possíveis.
Comprei poucos livros, mas são os melhores possíveis.

9. Particípio + Substantivo

     O particípio concorda com o substantivo a que se refere.
Exemplos:
Feitas as contas ...
Vistas as condições ...
Restabelecidas as amizades ...
Postas as cartas na mesa ...
Salvas as crianças ...
Observação:
"Salvo", "posto" e "visto" assumem também papel de conectivos, sendo, por isso, invariáveis:

Salvo honrosas exceções.
Posto ser tarde, irei.
Visto ser longe, não irei.

10. Anexo / bastante / incluso / leso / mesmo / próprio + Substantivo

     Essas palavras concordam com o substantivo a que se referem.
Exemplos:
Vão anexas as cópias.
Recebi bastantes flores.
Vão inclusos os documentos.
Cometeu um crime de lesa-pátria.
Cometeu um crime de leso-patriotismo.
Ele mesmo falou aquilo.
Ela mesma falou aquilo.
Elas próprias falaram aquilo.

11. Meio (= metade) + Substantivo

     O adjetivo "meio" concorda com o substantivo a que se refere.
Exemplos:
Meias medidas.
Meio litro.
Meia garrafa.

12. Meio (= um tanto) + Adjetivo

     O advérbio "meio", que se refere a um adjetivo, permanece invariável.
Exemplos:
Ela parecia meio encabulada.
Janela meio aberta.
Observações:
     1. Na fala, observam-se exemplos do advérbio "meio" flexionado. Tal fato pode ser explicado pelo fenômeno da "concordância atrativa", ou por influência do adjetivo a que se refere: "Ela está meia cansada".
     Dessa concordância existem exemplos entre os clássicos: "Uns caem meios mortos". (Camões)
     2. Em "meio-dia e meia", "meia" concorda com a palavra "hora", oculta na expressão "meio-dia e meia (hora)". Essa é a construção recomendada pela maioria dos manuais de cultura idiomática.
     A construção "meio-dia e meio" também ocorre na fala; a forma "meio" permanece no masculino, por atração ou influência da forma masculina "meio-dia".
     3. A palavra "meio" funciona como elemento de justaposição em "meias-luas", "meios-termos", "meios-tons", "meia-idade", etc.

13. Verbo transobjetivo + predicativo do objeto + objeto + objeto ...
      Verbo transobjetivo + objeto + objeto ... + predicativo do objeto

     Verbo transobjetivo é o verbo que pede, além de um complemento-objeto, uma qualificação para esse complemento (= predicativo do objeto).
     Nesse caso, o predicativo concorda com o(s) objetos.

Verbo transobjetivo
+ predicativo do objeto
+ objeto + objeto ...

Julgou
Considerei
Achei
inocentes
oportunas
simpáticos
o pai e o filho
a decisão e a sugestão
a irmã e o irmão

Verbo transobjetivo
+ objeto + objeto ...
+ predicativo

Julgou
Considerei
Achei
o pai e o filho
a decisão e a sugestão
a irmã e o irmão
inocentes
oportunas
simpáticos

14. Casa, página (+ número) + numeral

     Na enumeração de casas e páginas, o numeral concorda com a palavra oculta "número".
Exemplos:
Casa dois.
Página dois.

15. Substantivo + é bom / é preciso / é proibido

     Em construções desse tipo, quando o substantivo não está determinado, as expressões "é bom", "é preciso", "é proibido" permanecem no singular.
Exemplos:
Maçã é bom para a saúde.
É preciso cautela.
É proibido entrada.
Observação:
     Quando há determinação do sujeito, a concordância efetua-se normalmente:
É proibida a entrada de meninas.

16. Pronome de tratamento (referindo-se a uma pessoa de sexo masculino) + verbo de ligação + adjetivo masculino

     Quando um adjetivo modifica um pronome de tratamento que se refere a pessoa do sexo masculino, vai para o masculino.
Exemplos:
Sua Santidade está esperançoso.
Referindo-se ao Governador, disse que Sua Excelência era generoso.

17. Nós / Vós + verbo + adjetivo

     Quando um adjetivo modifica os pronomes "nós / vós", empregados no lugar de "eu / tu", vai para singular.
Exemplos:
Vós (= tu) estais enganado.
Nós (= eu) fomos acolhido muito bem.
Sejamos (nós = eu) breve.

Como fazer abreviações

As abreviações utilizadas na língua revelam o ritmo acelerado da vida moderna, que faz com que se economizem palavras e tempo, mediante uma comunicação mais rápida, que reduz frases, expressões e palavras.

Veja os exemplos:
cinematógrafo > cinema > cine
pornográfico > pornô
telefone > fone
psicologia > psico
pneumático > pneu
professor > profe
português > portuga
japonês > japa
Florianópolis > Floripa
São Leopoldo > São Leo
     A abreviação que se apresenta nesta seção denomina-se de abreviatura.
     A abreviatura é parte da palavra escrita que indica ou resume a palavra, por meio
  • da letra inicial: v. = veja
  • das letras ou sílabas iniciais: of. = ofício
  • de letras iniciais, mediais ou finais: pq. = porque

     A abreviatura caracteriza-se
  • pelo ponto abreviativo: ed. = edição
  • pela inicial maiúscula ou minúscula (conforme a norma ortográfica): V. Exa. = Vossa Excelência
  • pela acentuação e flexão: cód. = código - fs. = folhas
Lista Geral
abreviatura = abr., abrev.
academia = acad.
acórdão = ac.
ad valorem, pelo valor = ad val.
advocacia = adv., advoc.
agricultura = agr., agric.
agronomia = agron.
aguarda deferimento = A.D.
alqueire(s) = alq.
altitude = alt., altit.
alvará = alv.
anno Christi, no ano de Cristo, na era cristã = A.C.
ante meridiem (antes do meio dia) = a.m.
antes de Cristo = a.C.
ao ano = a/a, a.a.
ao mês = a/m
ao(s) cuidado(s) de = a/c, A/C
apartamento = ap., apart.
apêndice = ap., apênd.
aritmética = arit., aritm.
arquitetura = arq., arquit.
arroba(s) = A., arr.
artigo, artigos = art., arts.
assembléia = assem., assemb.
associação = assoc.
atenciosamente = at.te, (atte.)
atestado, à atenção de = at.
autor, autores = A., AA.
balanço = bal.
bateria = bat.
caixa(s) = cx.
capítulo, capítulos = cap., caps.
catálogo = cat.
cheque = ch.
circular = circ.
círculo = círc.
citação, citado(s) = cit.
classe(s) = cl.
código = cód.
coleção, coleções; coluna, colunas = col., cols.
com, cada, conta = c/
companhia = C.ia, Cia.
compare = cp.
conforme = cfe., cfm., conf.
confronte, confira, confere = cf., cfr.
conselho = cons.
construção = constr.
conta aberta = c/a
contabilidade = contab.
conta-corrente, com cópia(s), combinado com = c/c
contadoria = contad.
co-seno = cos.
crédito = créd.
débito = déb.
decreto = dec.
departamento, departamentos = dep., deps.
depois de Cristo = d.C., D.C.
desconto(s) = desc.
despesa(s), desporto(s) = desp.
deve = D.
dicionário = dic.
diploma = dipl.
divisão, divisões = div.
documento, documentos = doc., docs.
dúzia(s) = dz.
edição = ed.
edifício = ed., edif.
editor, editores = E., EE.
educação = ed., educ.
elemento(s) = el.
eletronic mail (correio eletrônico) = e-mail
em mão(s) = E.M.
endereço = end.
endereço telegráfico = end. tel.
espera deferimento = E.D.
estante(s); estabelecimento; estrada = est.
et alii, e outros (em citações) = et al.
et cetera (lat.) = e outras coisas, e os outros, e assim por diante = etc.
exemplar(es), exemplo(s) = ex.
exempli gratia (lat.) = e. g.
fac-símile = fs.
fascículo = fasc.
figura = fg., fig.
folha; folhas = f., fl., fol., ff., fs., fols.
ganhos e perdas = G/P
gênero(s) = gên.
grão (peso) = gr.
grosa, grosas = gr., grs.
habitantes = hab.
haver (comercialmente) = H.
homens = h.
Honoris causa (por honra, honorariamente) = h.c.
Ibidem (no mesmo lugar) = ib., ibid.
id est (isto é) = i.e.
idem ( o mesmo, do mesmo autor) = id.
índice = ind.
inferior = inf.
informação = inf., inform.
isto é = i.é.
jurídico = jur.
lançado (comercialmente), letra(s) (comercialmente) = l.
légua, léguas = lég., légs.
limitada (comercialmente) = Lt.da, Ltda.
livro = l., liv., l°, lo.
logaritmo = log., logar.
manuscrito, manuscritos = ms., mss.
medicina = med.
medicina do trabalho = med.trab.
medicina legal = med. leg.
médico = méd.
médico-veterinário = méd. -vet.
memorando = memo., memor.
mês, meses = m.
meses de data = m/d
meses de prazo = m/p
meu cheque = m/ch.
meu número = m/nº
meu saque = m/s
meu(s), minhas(s) = m/
minha carta, minha conta = m/c
minha comissão = m/com.
minha conta-corrente = m/c/c
minha ordem = m/o
minha referência = m/ref.
minha remessa = m/rem.
mister (inglês = senhor) = Mr.
mistress (inglês = senhora) = Mrs.
monsieur (francês = senhor) =M.
município, municípios = M., MM., mun.
nome próprio = n.p.
nome, número(s) = n.
nossa carta, nossa casa, nossa conta (comercialmente) = n/c
nossa(s) letra(s) (comercialmente) = n/l
nosso cheque = n/ch.
nosso saque (comercialmente) = n/s
nosso(s), nossa(s) (comercialmente) = n/
nota bene (latim = nota/note bem) = N.B.
nota da editora = N. da E.
nota da redação = N. da R.
nota do autor = N. do A.
nota do editor = N. do E.
numeral = num.
número (gramaticalmente, isto é, número gramatical = singular, plural) =num.
número = nº
obra(s) = ob.
obra(s) citadas = ob. Cit.
observação = obs.
ofício, oficial = of.
opere citato (na obra citada), opus citatum (obra citada) = op. cit.
ordem = o/
organização = org., organiz.
pacote(s) = pc.
pagamento = pg.to, pgto.
página(s) (ABNT) = p., pp., ps.
pago (adjetivo), pagou = pg.
palavra(s) = pal.
palmo, palmos = p., ps.
para, por, próximo (comercialmente) = p., p/
parecer = par.
passim (aqui e ali, em diversos lugares da obra citada), passado, passivo = pass.
peça(s) = pç.
pede deferimento = P.D.
pede justiça = P.J.
peso bruto = P.B.
peso líquido = P.L.
polegada(s) = pol.
por conta = p/c
por especial obséquio = P.E.O.
por exemplo = p. ex.
por ordem = P.O.
por procuração; próximo passo = p.p.
porque = pq.
portaria = port.
post meridiem (depois do meio-dia); post mortem(depois da morte) = p.m.
post scriptum (depois de escrito, pós-escrito) = p.s.
problema(s) = probl.
processo, procuração = proc.
próximo futuro = p.f.
quantum satis (quanto baste, em receitas médicas) = q.s.
quilate(s) = ql.
quod erat demonstrandum (o que devia ser demonstrado) = Q.E.D., Q.e.d.
receita = rec.
referência, referente = ref.
registro = rg., reg.
relatório = rel., relat.
remetente = rem.te, Remte.
reprovado (classificação escolar); réu (em linguagem forense) = R.
residência = res.
revista = rev.
rubrica = rubr.
saco, sacos = sc., scs.
salvo erro ou emissão = S.E.O.
salvo melhor juízo = S.M.J., s.m.j.
São, Sul = S.
scilicet ( a saber, quer dizer) = sc.
seção = seç.
secretaria, secretário, secretária = sec., secr.
século, séculos = séc., sécs.
seguinte, seguintes = seg., segs., ss.
sem data = s.d., s/d
sem gastos = s.g.
semana(s), semelhante(s), semestre(s) = sem.
seminário = sem., semin.
série = ser.
sine die (sem dia marcado, sem data marcada) = s.d.
sociedade (comercialmente) = soc.
Sociedade Anônima = S.A., S/A
sua carta, sua conta (comercialmente) = s/c
sua casa = S/C, s/c
sucessor(es) (comercialmente) = suc.
sucursal = suc.
também = tb.
telefone, telegrama = tel.
termo, termos = t., tt.
tesoureiro = tes.
testamento = testº, testo.
testemunha = test.
título(s) = tít.
tomo, tomos = t., ts., tt.
tonel, tonéis = ton.
tratado, tratamento =trat.
trimestral = trim., trimest., trimestr.
trimestre(s) = trim.
unidade, uniforme = un.
universidade = univ., univers.
usado, usada = us.
uso externo = u.e.
valor(es) = val.
veja, vide (latim = veja) = v.
verbi gratia (por exemplo) = v.g.
volume, volumes = vol., vols.
Formas de Tratamento
acadêmico = Acad., Acadêm.
advogado = Adv.º, Advo.
almirante = Alm.
arcebispo = Arc.º, Arco.
bacharel, bacharela, bacharéis, bacharelas = B.el, Bel., B.ela, Bela., B.éis, Béis., B.elas, Belas.
bispo = B.po, Bpo.
capitão = Cap.
cardeal = Card.
comandante = Com., Com.te, Comte.
comendador = Com., Comend., Com.or, Comor.
cônego = Côn.º, Côno.
conselheiro = Cons., Consel., Conselh., Cons.º, Conso.
contador = Cont.dor, Contdor., Cont.or, Contor.
contra-almirante = C.-alm.
coronel = C.el, Cel.
deputado = Dep.
desembargador, desembargadora = Des., Des.ª, Desa.
diácono = Diác.
Digníssimo = DD.
Digno, Dom, Dona = D.
Dona = D.ª, Da.
doutor, doutores = D.r, Dr., D.rs, Drs.
doutora, doutoras = D.ra, Dra. D.ras, Dras.
editor, editores = E., EE.
embaixador extraordinário e plenipotenciário = E.E.P.
Eminência = Em.ª, Ema.
Eminentíssimo = Em.mo, Emmo.
enfermeiro, enfermeira = Enf., Enf.ª, Enfa.
engenheiro, engenheira = Eng., Eng.º, Engo.
enviado extraordinário e ministro plenipotenciário = E.E.M.P.
Estado-Maior = E.M., E.-M.
Excelência = Ex.ª, Exa.
Excelentíssimo, Excelentíssima = Ex.mo, Exmo. Ex.ma, Exma.
general = Gen., G.al, Gal.
ilustríssimo, Ilustríssima = Il.mo, Ilmo., Il.ma, Ilma.
madame (francês = senhora) = M.me, Mme.
mademoiselle (francês = senhorita) = M.lle, Mlle.
major = maj.
major-brigadeiro = Maj.-Brig.
marechal = Mar., M.al,Mal.
médico = Méd.
Meritíssimo = MM.
mestre, mestra = Me, Me., Mª, Ma.
mister (inglês = senhor) = Mr.
monsenhor = Mons.
monsieur, messieurs (francês = senhor, senhores) = M., MM.
Mui(to) Digno = M.D.
Nossa Senhora = N.Sª, N.Sa.
Nosso Senhor = N.S.
padre = P., P.e, Pe.
pároco = Pár.º, paro.
pastor = Pr.
Philosophiae Doctor (latim = doutor de/ em filosofia) =Ph.D.
prefeito = Pref.
presbítero = Presb.º, Presbo.
presidente = Pres., Presid.
procurador = Proc.
professor, professores = Prof., Profs.
professora, professoras = Prof.ª, Profa., Prof.as, Profas.
promotor = Prom.
provedor = Prov.
rei = R.
Reverendíssimo, Revendíssima = Rev.mo, Revmo., Rev.ma, Revma.
Reverendo = Rev., Rev.do, Revdo., Rev.º, Revo.
Reverendo Padre = R.P.
sacerdote = Sac.
Santa = S., S.ta, Sta.
Santíssimo = SS.
Santo = S., S.to, Sto.
Santo Padre = S.P.
São, Santo, Santa = S.
sargento = Sarg.
sargento-ajudante = Sarg.-aj.te,Sarg.-ajte.
secretário, secretária = Sec., Secr.
senador = Sen.
senhor, senhores = S.r, Sr., S.rs, Srs.
senhora, senhoras = S.ra, Sra., S.ras, Sras.
senhorita, senhoritas = Sr.ta, Srta., Sr.tas, Srtas.
Sênior = S.or, Sor.
sóror = Sór., S.or, Sor.
Sua Alteza Real = S.A.R.
Sua Alteza = S.A.
Sua Eminência = S.Em.ª, S.Ema.
Sua Excelência = S..Ex.ª, S.Exa.
Sua Excelência Reverendíssima = S.Ex.ª Rev.ma, S. Exa. Revma.
Sua Majestade = S.M.
Sua Reverência = S. Rev.ª, S.Reva.
Sua Reverendíssima = S.Rev.ma, S. Revma.
Sua Santidade = S.S.
Sua Senhoria = S.Sª, S.Sa.
tenente = Ten., T.te, Tte.
tenente-coronel = Ten. -c.el, Ten.-cel., t.te - c.el, Tte. - cel.
tesoureiro = Tes.
testemunha = Test.
vereador = Ver.
veterinário = Vet.
vice-almirante = V. -alm.
vigário = Vig., Vig.º, Vigo.
visconde = V.de, Vde.
viscondessa = V.dessa, Vdessa.
você = V., v.
Vossa Alteza = V.A.
Vossa Eminência, Vossas Eminências = V.Em.ª, V.Ema., V.Em.as, V.Emas.
Vossa Excelência Reverendíssima, Vossas Excelências Reverendíssimas = V.Ex.ª Rev.ma, V. Exa. Revma., V.Ex.as Rev.mas, V. Exas. Revmas.
Vossa Excelência, Vossas Excelências = V.Ex.ª, V.Exa., V.Ex.as, V.Exas.
Vossa Magnificência, Vossas Magnificências = V. Mag.ª, V.Maga., V.Mag.as, V.Magas.
Vossa Majestade = V.M.
Vossa Reverendíssima, Vossas Reverendíssimas = V. Ver.ma, V. Revma., V.Rev.mas, V. Revmas.
Vossa Reverência, Vossas Reverências = V.Rev.ª, V.Reva., V. Rev.as, V.Revas.
Vossa Senhoria, Vossas Senhorias = V.S.ª, V.Sa., V.S.as, V.Sas.
Nomes dos Meses
janeiro = jan.
fevereiro = fev.
março = mar.
abril = abr.
maio = maio (De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
maio = mai. (De acordo com a Academia Brasileira de Letras)
junho = jun.
julho = jul.
agosto = ago.
setembro = set.
outubro = out.
novembro = nov.
dezembro = dez.
Vias e Lugares Públicos
     Segundo as normas ortográficas, emprega-se inicial maiúscula nos nomes de logradouros públicos (avenida, rua, praça, etc.), o que explica a maiúscula nas abreviaturas a seguir.
Alameda = Al.
Avenida = Av.
Beco = B.
Calçada = Cal., Calç.
Distrito = D., Dt. *
Estrada = Est.
Galeria = Gal. *
Jardim = Jd.*
Largo = L., Lg. *
Praça = P., Pç. *
Parada = Pda. *
Parque = Pq., Prq. *
Praia = Pr. *
Rua = R.
Rodoviária = Rdv. *
Rodovia = Rod. *
Retorno = Rtn. *
Trevo = Trv. *
Travessa = T., Tv. *
Via = V. *
Viaduto = Vd. *
* Abreviaturas da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT).
Livros, Capítulos e Versículos da Bíblia
1. Antigo Testamento
O Pentateuco:
Livro da Gênese = Gn
Livro do Êxodo = Ex
Livro do Levítico = Lv
Livro dos Números = Nm
Livro do Deuteronômio = Dt
Históricos:
Livro de Josué = Js
Livro dos Juízes = Jz
Livro de Rute = Rt
1º Livro de Samuel = I Sm
2º Livro de Samuel = II Sm
1º Livro de Reis = I Rs
2º Livro de Reis = II Rs
1º Livro de Crônicas = I Cr
2º Livro de Crônicas = II Cr
Livro de Esdras = Esd
Livro de Neemias = Ne
LIvro de Tobias = Tb
Livro de Judite = Jud
Livro de Ester = Est
1º Livro dos Macabeus = I Mc
2º Livro dos Macabeus = II Mc
Sapienciais:
Livro de Jó = Jó
Livro dos Salmos = Sl
Livro dos Provérbios = Pr
Livro do Eclesiaste = Ecl
Cântico dos Cânticos = Ct
Livro da Sabedoria = Sb
Livro do Eclesiástico = Eclo
Proféticos:
Livro de Isaías = Is
Livro de Jeremias = Jr
LIvro das Lamentações = Lm
Livro de Baruc = Br
Livro de Ezequiel = Ez
Livro de Daniel = Dn
Livro de Oséias = Os
Livro de Joel = Jl
Livro de Amós = Am
Livro de Abdias = Ab
Livro de Jonas = Jn
Livro de Miquéias = Mq
Livro de Naum = Na
Livro de Habacuc = Hab
Livro de Sofonias = Sf
Livro de Ageu = Ag
Livro de Zacarias = Zc
Livro de Malaquias = Ml
2. Novo Testamento
Evangelhos:
Evangelho segundo Mateus = Mt
Evangelho segundo Marcos = Mc
Evangelho segundo Lucas = Lc
Evangelho segundo João = Jo
Atos:
Atos dos Apóstolos = At
Epístolas:
Epístola dos Romanos = Rm
1ª Epístola dos Coríntios = I Cor
2ª Epístola dos Coríntios = II Cor
Epístola aos Gálatas = Gl
Epístola aos Efésios = Ef
Epístola  Filipenses = Fl
Epístola aos Colossenses = Cl
1ª Epístola aos Tessalonicenses = I Ts
2ª Epístola aos Tessalonicenses = II Ts
1ª Epístola a Timóteo = I Tm
2ª Epístola a Timóteo = II Tm
Epístola a Tito = Tt
Epístola a Filemon = Fm
Epístola aos Hebreus = Hb
Epístola de Tiago = Tg
1ª Epístola de Pedro = I Pd
2ª Epístola de Pedro = II Pd
1ª Epístola de João = I Jo
2ª Epístola de João = II Jo
3ª Epístola de João = III Jo
Epístola de Judas = Jd
Profético:
Apocalipse de João = Ap
     Para se fazerem citações mais completas, usam-se os seguintes sinais de pontuação:
  • Vírgula: separa o capítulo dos versículos.
    Ex.: II Ts2,2 = Segunda Epístola aos Tessalonicenses, capítulo 2, versículo 2.
  • Hífen: apresenta uma sequência de capítulos ou versículos.
    Ex.: Ex14,2-6 = Livro do Êxodo, capítulo 14, versículos 2 a 6.
  • Ponto: apresenta capítulos e/ou versículos citados isoladamente.
    Ex.: Jo3.4 = Evangelho segundo João, capítulos 3 e 4.
          Jo3,1.2.4 = Evangelho segundo João, capítulo 3, versículos 1, 2 e 4.
  • Ponto-e-vírgula: indica capítulos e versículos isolados, pertencentes ao mesmo Livro.
    Ex.: Jo 3,22-25;6,1-3 = Evangelho segundo João, capítulo 3, versículos 22 a 25: e capítulo 6, versículos 1 a 3.
Saiba mais
Como abreviar palavras
  1. Escreve-se a primeira sílaba e a primeira letra da segunda sílaba, seguida de ponto abreviativo. Exemplos:
    Gramática: gram.
    Alemão: al.
    Numeral: num.
  2. O acento presente na primeira sílaba se mantém. Exemplos:
    Gênero: gên.
    Crédito: créd.
    Lógico: lóg.
  3. Se a segunda sílaba iniciar por duas consoantes, escrevem-se as duas. Exemplos:
    Pessoa: pess.
    Construção: constr.
    Secretário: secr.
  4. Inúmeras palavras não seguem essas regras. Exemplos:
    Antes de Cristo: a . C.
    Apartamento: apto.
    Companhia: cia.
    Página: pg.








Como fazer resumos

O resumo tem por objetivo apresentar com fidelidade ideias ou fatos essenciais contidos num texto. Sua elaboração é bastante complexa, já que envolve habilidades como leitura competente, análise detalhada das ideias do autor, discriminação e hierarquização dessas ideias e redação clara e objetiva do texto final. Em contrapartida, dominar a técnica de fazer resumos é de grande utilidade para qualquer atividade intelectual que envolva seleção e apresentação de fatos, processos, ideias, etc.

5-livros-para-ler-e-se-apaixonar

O resumo pode se apresentar de várias formas, conforme o objetivo a que se destina. No sentido estrito, padrão, deve reproduzir as opiniões do autor do texto original, a ordem como essas são apresentadas e as articulações lógicas do texto, sem emitir comentários ou juízos de valor. Dito de outro modo, trata-se de reduzir o texto a uma fração da extensão original, mantendo sua estrutura e seus pontos essenciais.

Quando não há a exigência de um resumo formal, o texto pode igualmente ser sintetizado de forma mais livre, com variantes na estrutura. Uma maneira é iniciar com uma frase do tipo: "No texto ....., de ......, publicado em......., o autor apresenta/ discute/ analisa/ critica/ questiona ....... tal tema, posicionando-se .....". Esta forma tem a vantagem de dar ao leitor uma visão prévia e geral, orientando, assim, a compreensão de que segue. Este tipo de síntese pode, se for pertinente, vir acompanhada de comentários e julgamentos sobre a posição do autor do texto e até sobre o tema desenvolvido.

Em qualquer tipo de resumo, entretanto, dois cuidados são indispensáveis: buscar a essência do texto e manter-se fiel às ideias do autor. Copiar partes do texto e fazer uma "colagem", sob a alegação de buscar fidelidade às ideias do autor não é permitido, pois o resumo deve ser o resultado de um processo de "filtragem", uma (re)elaboração de quem resume. Se for conveniente utilizar excertos do original (para reforçar algum ponto de vista, por exemplo), esses devem ser breves e estar identificados (autor e página).

Uma sequência de passos eficiente para fazer um bom resumo é a seguinte:

  1. ler atentamente o texto a ser resumido, assinalando nele as ideias que forem parecendo significativas à primeira leitura;
  2. identificar o gênero a que pertence o texto (uma narrativa, um texto opinativo, uma receita, um discurso político, um relato cômico, um diálogo, etc.
  3. identificar a ideia principal (às vezes, essa identificação demanda seleções sucessivas, como nos concursos de beleza...);
  4. identificar a organização - articulações e movimento - do texto (o modo como as ideias secundárias se ligam logicamente à principal);
  5. identificar as ideias secundárias e agrupá-las em subconjuntos (por exemplo: segundo sua ligação com a principal, quando houver diferentes níveis de importância; segundo pontos em comum, quando se perceberem subtemas);
  6. identificar os principais recursos utilizados (exemplos, comparações e outras vozes que ajudam a entender o texto, mas que não devem constar no resumo formal, apenas no livre, quando necessário);
  7. esquematizar o resultado desse processamento;
  8. redigir o texto.

Evidentemente, alguns resumos são mais fáceis de fazer do que outros, dependendo especialmente da organização e da extensão do texto original. Assim, um texto não muito longo e cuja estrutura seja perceptível à primeira leitura, apresentará poucas dificuldades a quem resume. De todo modo, quem domina a técnica - e esse domínio só se adquire na prática - não encontrará obstáculos na tarefa de resumir, qualquer que seja o tipo de texto.

Resumos são, igualmente, ferramentas úteis ao estudo e à memorização de textos escritos. Além disso, textos falados também são passíveis de resumir. Anotações de ideias significativas ouvidas no decorrer de uma palestra, por exemplo, podem vir a constituir uma versão resumida de um texto oral.

Fonte: Pucrs

Análise do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas

Ao criar um narrador que resolve contar sua vida depois de morto, Machado de Assis muda radicalmente o panorama da literatura brasileira, além de expor de forma irônica os privilégios da elite da época.


Narrador

A narração é feita em primeira pessoa e postumamente, ou seja, o narrador se autointitula um defunto-autor – um morto que resolveu escrever suas memórias. Assim, temos toda uma vida contada por alguém que não pertence mais ao mundo terrestre. Com esse procedimento, o narrador consegue ficar além de nosso julgamento terreno e, desse modo, pode contar as memórias da forma como melhor lhe convém.

Foco Narrativo

Com a narração em primeira pessoa, a história é contada partindo de um relato do narrador-observador e protagonista, que conduz o leitor tendo em vista sua visão de mundo, seus sentimentos e o que pensa da vida. Dessa maneira, as memórias de Brás Cubas nos permitirão ter acesso aos bastidores da sociedade carioca do século XIX.

Tempo

A obra é apoiada em dois tempos. Um é o tempo psicológico, do autor além-túmulo, que, desse modo, pode contar sua vida de maneira arbitrária, com digressões e manipulando os fatos à revelia, sem seguir uma ordem temporal linear. A morte, por exemplo, é contada antes do nascimento e dos fatos da vida.
No tempo cronológico, os acontecimentos obedecem a uma ordem lógica: infância, adolescência, ida para Coimbra, volta ao Brasil e morte. A estranheza da obra começa pelo título, que sugere as memórias narradas por um defunto. O próprio narrador, no início do livro, ressalta sua condição: trata-se de um defunto-autor, e não de um autor defunto. Isso consiste em afirmar seus méritos não como os de um grande escritor que morreu, mas de um morto que é capaz de escrever.
O pacto de verossimilhança sofre um choque aqui, pois os leitores da época, acostumados com a linearidade das obras (início, meio e fim), veem-se obrigados a situar-se nessa incomum situação.

Não-realizações

Publicado em 1881, o livro aborda as experiências de um filho abastado da elite brasileira do século XIX, Brás Cubas. Começa pela sua morte, descreve a cena do enterro, dos delírios antes de morrer, até retornar a sua infância, quando a narrativa segue de forma mais ou menos linear – interrompida apenas por comentários digressivos do narrador.
O romance não apresenta grandes feitos, não há um acontecimento significativo que se realize por completo. A obra termina, nas palavras do narrador, com um capítulo só de negativas. Brás Cubas não se casa; não consegue concluir o emplasto, medicamento que imaginara criar para conquistar a glória na sociedade; acaba se tornando deputado, mas seu desempenho é medíocre; e não tem filhos.
A força da obra está justamente nessas não-realizações, nesses detalhes. Os leitores ficam sempre à espera do desenlace que a narrativa parece prometer. Ao fim, o que permanece é o vazio da existência do protagonista. É preciso ficar atento para a maneira como os fatos são narrados. Tudo está mediado pela posição de classe do narrador, por sua ideologia. Assim, esse romance poderia ser conceituado como a história dos caprichos da elite brasileira do século XIX e seus desdobramentos, contexto do qual Brás Cubas é, metonimicamente, um representante.
O que está em jogo é se esses caprichos vão ou não ser realizados. Alguns exemplos: a hesitação ao começar a obra pelo fim ou pelo começo; comparar suas memórias às sagradas escrituras; desqualificar o leitor: dar-lhe um piparote, chamá-lo de ébrio; e o próprio fato de escrever após a morte. Se Brás Cubas teve uma vida repleta de caprichos, em virtude de sua posição de classe, é natural que, ao escrever suas memórias, o livro se componha desse mesmo jeito.
O mais importante não é a realização ou não dessas veleidades, mas o direito de tê-las, que está reservado apenas a uns poucos da sociedade da época. Veja-se o exemplo de Dona Plácida e do negro Prudêncio. Ambos são personagens secundários e trabalham para os grandes. A primeira nasceu para uma vida de sofrimentos: “Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado pro outro, na faina, adoecendo e sarando…”, descreve Brás. Além da vida de trabalhos e doenças e sem nenhum sabor, Dona Plácida serve ainda de álibi para que Brás e Virgília possam concretizar o amor adúltero numa casa alugada para isso.
Com Prudêncio, vê-se como a estrutura social se incorpora ao indivíduo. Ele fora escravo de Brás na infância e sofrera os espancamentos do senhor. Um dia, Brás Cubas o encontra, depois de alforriado, e o vê batendo num negro fugitivo. Depois de breve espanto, Brás pede para que pare com aquilo, no que é prontamente atendido por Prudêncio. O ex-escravo tinha passado a ser dono de escravo e, nessa condição, tratava outro ser humano como um animal. Sua única referência de como lidar com a situação era essa, afinal era o modo como ele próprio havia sido tratado anteriormente. Prudêncio não hesita, porém, em atender ao pedido do ex-dono, com o qual não tinha mais nenhum tipo de dívida nem obrigação a cumprir.
Os personagens da obra são basicamente representantes da elite brasileira do século XIX. Há, no entanto, figuras de menor expressão social, pertencentes à escravidão ou à classe média, que têm significado relevante nas relações sociais entre as classes. Assim, "Memórias Póstumas de Brás Cubas", além de seu enorme valor literário, funciona como instrumento de entendimento desse aspecto social de nossas classes, como se verá adiante nas caracterizações de Dona Plácida e do negro Prudêncio.
A sociedade da época se estruturava a partir de uma divisão nítida. Havia, de um lado, os donos de escravos, urbanos e rurais, que constituíam a classe mandante do país. Estão representados invariavelmente como políticos: ministros, senadores e deputados. De outro, a escravidão é a responsável direta pelo trabalho e pelo sustento da nação e, por assim dizer, das elites. No meio, há uma classe média formada por pequenos comerciantes, funcionários públicos e outros servidores, que são dependentes e agregados dos favores dos grandes privilegiados.
Fonte: Guia do Estudante